O artigo de opinião de António Covas, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, publicado dia 21 de Março de 2020 no Observador, é um desafio ao papel actual das ciências sociais e humanas e do cientista social numa sociedade que investe sobretudo na tecnologia. O texto parte da pandemia do Coronavírus e aponta para o comportamento da humanidade. Para além de ter de ser visto do ponto de vista económico, esta difícil situação global mostra as nossas fragilidades em termos da ciência dos comportamentos, área na qual as ciências sociais e humanas podem intervir. O autor deste artigo de opinião alerta para a importância das ciências humanas e sociais enquanto “curadoras” da humanidade em épocas conturbadas, mas também em todos os momentos da nossa vida. Para isso, temos de pensar.
E sugerimos a leitura do texto: Do fogo oferecido ao maior prodígio. O enigma humano entre os gregos de Maria Filomena Molder publicado no livro Horizontes Artísticos da Lusitânia onde se reflecte sobre deus, sobre o homem e a natureza e como nos tornámos humanos:
“Este título tem uma referência implícita a dois tragediógrafos, Ésquilo e Sófocles, e a duas tragédias precisas, Prometeu Agrilhoado e Antígona.
Em Prometeu Agrilhoado, Prometeu aparece como o deus benévolo e compassivo em relação aos homens, o deus que lhes ensinou tudo: cerâmica, marcenaria, carpintaria, astronomia, aritmética, escrita (Memória e Musas são invocadas), domesticação, navegação (seguindo a ordem escolhida por Ésquilo). Os homens não sabiam nada, não sabiam viver como homens, dando a ver desde logo que o ser humano é um enigma para si próprio […]
Com a Antígona de Sófocles observa-se uma evolução absolutamente extraordinária. Agora o homem deve-se a si próprio e não há dívida para com os deuses. No Estásimo inicial ouve-se um canto de maravilhamento em relação a tudo o que existe. Porém, o maior prodígio é o ser humano.”
In MOLDER, Maria Filomena (2019). Do fogo oferecido ao maior prodígio. O Enigma Humano entre os Gregos. Horizontes artísticos da Lusitânia. Dinâmicas da Antiguidade Clássica e Tardia em Portugal. Séculos I a VIII. Amadora, Canto Redondo, p. 53-54